domingo, 23 de agosto de 2009

Símbolos litúrgicos

“Tudo na Igreja Católica revela uma catequese simbólica. Nada, por mais simples que pareça, é apenas decorativo”. Com essas palavras, o padre José Carlos Serafim definiu o universo simbólico das celebrações litúrgicas da Igreja. Segundo o sacerdote, os símbolos presentes nos templos e manifestações próprias da religião revelam a relação divina entre o mistério de Deus e o homem que o acolhe pela fé.
O fato de muitos cristãos não conhecerem o significado dos objetos, sons, palavras e elementos das celebrações, de acordo com o sacerdote, leva a um afastamento da fé, impulsionando as pessoas a buscarem outros caminhos. “Só ama bem, aquilo que conhece em profundidade. A família precisa retomar o valor da fé, com dimensão maior que passa pela alma. Nisso, os símbolos representam o amor e se entendido pode captar os valores”, explica.
Parte da culpa desse afastamento seria da falta de uma parceria entre a Igreja e a família numa catequese evangelizadora, que deve começar em casa. “Se os pais não têm a consciência de formar os filhos na espiritualidade fica difícil levar esse conhecimento. Assim como em qualquer linguagem, os símbolos expressam algo que revela a divindade ou demonstra a fé em Jesus Cristo”, enfatiza José Carlos.
Os símbolos presentes nas celebrações levam o homem a perceber as coisas pela linguagem própria, viva e silenciosa para se situar no mundo do mistério, que se dá, sobretudo, na linguagem silenciosa dos ícones presentes.
A representação do altar remonta o jeito de glorificar a Deus através das oferendas, que se dão sobre a mesa. Da mesma forma, as toalhas que cobrem o local representam a alegria de uma refeição, que se oferta a Deus. Na atualidade, a oferenda agradável ao Pai é o próprio Cristo, “cordeiro imolado para a libertação espiritual do povo”.
O cálice e o vinho presentes na celebração relembram a morte de Jesus, onde ele antecipa o que vali lhe acontecer aos seus discípulos, em volta de uma mesa, em que a refeição é o seu próprio corpo. Essa passagem, com a presença do pão, é revivida quando o sacerdote, ministro ordenado, realiza a consagração dos dois elementos. O pão que era trigo e água se transforma no corpo e o vinho se torna o sangue de Jesus, verdadeiramente. “Esse ato de doação se repete e se renova em todas as missas, realizadas em todas as Igrejas de diversos países do mundo”, explica.
Nas vestes que os padres, diáconos, bispos e o papa utilizam nas celebrações lembram as dos sacerdotes da antigüidade. Elas representam a dignidade e o status do serviço do sacerdote, em que este se põe a servir de ligação entre os homens e Deus, com a missão de abençoar a oferenda.
As cores, elementos, objetos, vestes e sons formam o universo simbólico da expressão de fé. Esta linguagem misteriosa dos símbolos, de acordo com o padre, não tem como objetivo explicar o mistério que se celebra, e sim levá-lo a ser vivido na essência.
A palavra usada pelos sacerdotes revela o Cristo para a salvação da humanidade. “Esse amor, que torna a humanidade capaz de gerar novas criaturas, compartilhando o dom de dar a vida com Deus”, comenta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário