quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Limpeza indigesta

Texto publicado na coluna "Panorama Político", no jornal A União (03/08/2011)

Como toda boa faxina - quem já pegou uma vassoura e o pano de chão sabe do que falo - o resultado para a casa sempre é o melhor, mas, para as costas de quem realiza, nem sempre. A presidente Dilma Rousseff, em meio à 'faxina' no Ministério dos Transportes de onde afastou 27 acusados de envolvimento em corrupção, está começando a sentir o ônus da renovação de ares na casa.
Ontem, seu ex-ministro dos Transportes e presidente nacional do PR, Alfredo Nascimento (AM) utilizou a tribuna do Senado para afirmar, em tom de indignação, que seu partido "não é lixo para ser varrido da administração pública". Ele enfatizou que o PR possui as mesmas qualidades e defeitos dos demais partidos políticos e saiu em defesa de seus filiados. "Eu não sou lixo, meu partido não é lixo, nossos sete senadores não são lixo", disse repetidas vezes.
Com a declaração dele, veio o anúncio de que toda a bancada da legenda, formada por sete senadores, deixava a base aliada do governo Dilma. Com isso, mais do que tirar do ministério, a presidente conseguiu colocar do outro lado do muro os parlamentares republicanos.
O Ministério do Transportes e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes foram transformados em alvo de uma profunda devassa do Governo Federal, levando a demissão de 27 servidores, numa operação de limpeza, que deve chegar a outros órgãos nos próximos dias.
Justamente numa estrutura em que está boa parte dos investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e que o país necessita tanto que dê certo. Afinal, cargas e passageiros precisam ser transportados, pessoas precisam se deslocar com agilidade e segurança e tantos outros benefícios que um sistema viário pode oferecer. Mas, os controladores da máquina, pelas denúncias apresentadas, estariam com as mãos sujas de graxa.
Já o senador Blairo Maggi (PR-MT) cobrou a mesma postura "dura" adotada com seu partido em relação aos outros que ocupam ministérios também acusados de corrupção. De acordo com o senador, depois do caso envolvendo o PR, outros dois partidos sofreram denúncias e nada foi feito. "Por que só o PR? Eu espero por parte da Presidência o mesmo tratamento que foi dado ao PR: a mesma rapidez, o mesmo jeito. Que afaste as pessoas, veja se há problema ou se não há e traga de volta aqueles que não têm problema algum."
A limpeza, de acordo com a presidente Dilma, não vai parar. Ela garante que a qualquer sinal de sujeira (corrupção) o governo vai atuar com energia para limpar. "O governo não irá abraçar nenhum caso de corrupção, mas o governo também não irá se pautar por medidas midiáticas", garantiu, em contato com a imprensa ontem.
A presidente disse ainda que o governo "não irá abraçar" casos de corrupção e que irá "combater efetivamente" irregularidades. Ao que parece, Dilma não está muito disposta a passar a mão sobre a cabeça dos "anões" que façam arte na classe da tia. Vai ter expulsão mesmo. Só falta saber quantos restarão após a faxina.

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